- Área: 1000 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:José María González Villavicencio
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Fabricantes: Cemex, La casa del acero, Madereria los Olivos, Smart window projects
"Santulan" é uma palavra hindi que significa equilíbrio: um conceito que reflete toda a acepção deste projeto que procura ser inclusivo e respeitoso com o seu contexto específico. Um B&B que não apenas serve aos turistas, mas que busca criar um vínculo com a cultura local, com a paisagem natural do Valle de Guadalupe e principalmente com seus habitantes.
Queríamos afastar-nos da tradicional tipologia de hotel que contém todos os serviços dentro de um mesmo edifício. Através de uma profunda análise do contexto geográfico e natural decidimos segmentar o programa, esparramando a estrutura pelo terreno e conectando-as por meio de percursos que induzem os visitantes a confrontar-se diretamente com a natureza e a experimentar a arquitetura a partir de um lugar outro. Estes caminhos surgiram de uma análise desenvolvida sobre a estrutura simbólica do mantra OM, adaptando suas formas e significados para desenvolver um projeto íntegro e equilibrado, conectando a arquitetura com a natureza e a mente com o espírito.
O projeto foi construído a partir de sistemas ecológicos de construção como paredes de terra compactada e coberturas verdes com plantas endêmicas e de baixa manutenção, contando ainda com sistemas de captação de água da chuva, reutilização de águas cinzas, hortas orgânicas e sistemas de condicionamento passivo.
O programa do hotel foi dividido em cinco edifícios independentes e espalhados pelo terreno. Um volume em forma de "V" funciona como o edifício de acesso principal ao conjunto, uma estrutura integralmente iluminada através de uma grande abertura zenital, a qual emoldura a paisagem natural e conduz os visitantes à explorar a região a partir de uma outra perspectiva.
Este edifício de acesso abriga uma sala de estar e jantar e uma cozinha de uso comum, pensada com o propósito de fomentar a interação e o convívio entre os hospedes do hotel, além disso, ele conta com uma pequena galeria de arte que visa promover artistas locais, além de banheiros, salas de apoio, uma adega e as instalações administrativas.
Um segundo volume retangular, o qual se abre para a imponente perspectiva em direção à oeste, abriga o espaço para a prática de meditação e Yoga.
O edifício principal do hotel é um longo volume horizontal que parece fundir-se em meio a paisagem do vale, pousando delicadamente sobre o terreno e orientado em direção à maior montanha, a fonte de energia e lugar sagrado para o povo kumiais, uma das principais etnias da região. Este volume totalmente acessível abriga oito quartos individuais com banheiro, varanda e jardim, além de uma unidade adaptada que conta ainda com sua própria cozinha.
Além da estrutura térrea, uma cobertura verde também acessível serve como mirante desde onde é possível admirara o pôr-do-sol no entardecer e as noites estreladas do Valle de Guadalupe.
O percurso principal do hotel culmina em uma passarela semi-enterrada de trinta metros de comprimento, ladeada por dois muros de concreto que direcionam os visitantes para o domo geodésico de madeira que serve como espaço para a prática de meditação.
O projeto Santulan foi desenvolvido com uma ideia muito clara de transparecer a importância da arquitetura como uma ferramenta para o desenvolvimento sócio-cultural e econômico da região, respeitando a natureza e fazendo dela sua principal fonte de inspiração.